sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020





AnnAC'erca de... 

- “Auuuuu”, ouviu-se a uma certa distância. Reconhecida a sua vocalização, sob o silêncio do crepúsculo acorde-se na expetativa de a observar. Ei-la deslizando como a chama por entre os troncos das árvores assentes nos recortes daquele maciço rochoso!
 No imaginário recorde-se a astúcia que a raposa transporta, sim,” és esperta como uma raposa!”, a expressão tantas vezes escutada.
 No mistério da raposa, inale-se o sabor daqueles cogumelos silvestres, os cantarelos, escondendo na sombra o veludo preto dos pés da raposa. Satisfeita, procura acomodar-se enrolando-se sobre a cauda põe a descoberto uma colónia de umbigos de vénus. Nem a propósito, uma delícia dos” almoços” de faz de conta de infância!





quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020




annAC'erca de...

O porco espinho da serra, assim o chamaram!
Na verdade, este era diferente de todos naquele vale, apresentando muitos espinhos aguçados que aliados à sua mágica característica de se enrolar sobre si mesmo, despertaram ali naquele ninho, a sua capacidade de reversibilidade e adaptabilidade marcando a hora do banho entre o duche ou banheira, entre o descanso filtrado e a luz da sala de leitura e\ou refeições ao lado preparadas. Cheire-se os óleos do azeite sob as talhas empinadas. Sintam-se as texturas leves contrastantes com sua pele revestida de espinhos aguçados e nas estereotomias dos têxteis.
Perante as circunstâncias quotidianas, também ele, hiberna numa estratégia de recuperar as suas energias. Aproveita o recato da entrada, deixe os sapatos vindos do vale e recoste-se no cadeirão na varanda de inverno sentindo o cruzamento entre o limite da pedra e o da silhueta do castelejo, lá fora. Iluminado o espaço note a história que aquele velho balde da nora ganhou…
Afinal, nem tudo é passageiro apenas poderá ser vivido de forma diferente!