domingo, 26 de abril de 2020


annaC’uarentena|day 41
26 abril 2020

_Quarent’Ana, ainda!_ Sim, ainda!

Da ideia de oferendas e a associação  da representação de objetos e cenas ansiosas por uma realidade futura desejada, quer numa presa sucedendo uma boa caçada, ou no vigor do cavalo potenciando a vitória de uma batalha ou ainda, por uma manifestação de um presente basto em harmonia com a aclamada felicidade nas representações quotidianas de uma família feliz ao redor de uma mesa ou em verdes jardins nos cenários de brincadeiras de numerosas crianças na companhia de seus animais de companhia, hoje registo um presente ou o presente?!
Por esta altura, em outra história onde Du Arte, um espadarte em sofrimento, protagoniza cenas e pensamentos de imensa confusão ditados por o Agora Presente exigindo que seus pensamentos apenas se ocupem com o presente. Levado a imaginar um qualquer pote rachado de modo a ativar a sua capacidade de imaginação, desta vez, para coisas boas nas novas atribuições que aquele pote rachado poderá ocupar. Senão imagine-se, a capacidade que as fendas das fissuras ao deixar fluir entre elas ,uma luz extraordinária que o presente permite visualizar, mas e ainda em simultâneo a opção de se abrigar na sombra das suas paredes côncavas, agora não tão firmes e nem tão impermeáveis como ainda era recordado. Os pensamentos esses não acalmarão na rapidez de que um pensamento sucede outro e outro e outro…Contudo, conseguirá fechar ou abrir a porta antecipando a rapidez do presente futuro, ou das coisas presentes ainda do passado, ou sim, agora focado na entrada num qualquer compartimento pleno de instantes tranquilamente instalados nos “Agoras” que o seu pensamento presenteia? Não sei se conseguirá.
Ali, naquele instante o presente é o seu maior presente como se aquele fosse objeto de uma qualquer dádiva superior para poder entender o passado ainda presente!


Desenho 41_ O Presente por Sofia com 6 anos. A ideia do presente como oferenda num desejo ansioso ou o presente vivido na rapidez de antecipação presente de futuro ou da superação e aprendizagem das coisas passadas no passado ainda presente. Tão somente o presente, esse seria o maior presente!



quinta-feira, 16 de abril de 2020



annaC’uarentena|day 31
16 abril 2020

Uma gata Camila que poderia muito bem ter-se chamado Zorbas.  Zorbas o gato grande e gordo, um gato de palavra, que assentiu cumprir a promessa feita a Kengah. Kengah, a gaivota apanhada pela maré negra, que assegurou a sua descendência deixando um ovo perante o qual Zorbas assentiu não só não o comer como ainda tomar conta da sua cria, inclusivamente a promessa de a ensinar a voar. Um gato versus uma gaivotinha, no máximo de simbolismo que Luís Sepúlveda deixa no texto fabulístico, mas com a força de uma parábola. Em História de uma gaivota e o gato que a ensinou a voar, a mensagem de esperança assente nos princípios essenciais da convivência humana: a amizade, o espírito de grupo, o respeito pela diferença e a honra do e um compromisso assumido, princípios fundamentais para o cumprimento de tamanha missão!
 Ei-la a harmonia universal assim em modo de fábula ou parábola. Obrigada Lucho.

Desenho 31_ A gata Camila por Sofia com 6 anos. A ideia de harmonia entre as espécies no simbolismo da História de uma Gaivota e do gato que a ensinou a voar de Luís Sepúlveda, que hoje partiu!


domingo, 12 de abril de 2020



annaC’uarentena|day 27
11 abril 2020

Duas metades da maçã, como as duas faces de uma moeda, a que se vê (cara) e a que fica por baixo "corona" (coroa)!
Da maçã, a ideia de René Magritte e “o “filho do Homem. O homem do chapéu de coco, colar e laço vermelho de rosto encoberto por uma maçã simetricamente ajustada pela posição das quatro folhas deixando a descoberto uma nesga de um dos seus olhos, abrindo a discussão entre o visível que está oculto e o visível que nos espreita e nos está ver. A discussão acerca deste desejo que o Homem tem em ver tudo o que está escondido, muitas vezes atrás do visível.  Aqui, a frustração do espetador é sobre a impossibilidade de ver o rosto que afinal não pode ser mostrado, pois a maçã encontra-se no plano da frente. O espetador tem de imaginar aquele rosto, e o da mulher em “A grande guerra nas fachadas” com a flor também na frente ou ainda o Homem em “O rosto do invisível”.
À primeira vista muito simples esta composição surrealista, não se tratasse de um autorretrato e com ele a consciência de quem se autoidentifica. Na verdade, poderia ser de qualquer um de nós, representativo de todas as dificuldades inerentes ao “problema de consciência “com que cada um se identifica. O maior desconforto tem a ver, ainda, com o uso da maçã. A maçã está associada às referências deliberadas sobre a tentação de Adão no Jardim do Éden e o início da culpa, da responsabilização e de uma consciência de tal e consequentemente a queda da humanidade.
Não deixando de ser curioso, que a vergonha descoberta num rosto escondido do Homem, o mesmo aparece formalmente vestido, “overdressed” para o cenário em que se apresenta, é porque no final existe sempre algo mais invisível em cada um de nós.


Desenho 27_ Duas metades da maçã, assinatura por Inês com 3 anos orientada pela tia avó. A ideia das duas metades da maçã como as duas faces de uma “corona”, a que se vê (cara) e a que fica por baixo (coroa|corona)! Também, a ideia do visível e do que está escondido, e logo René Magritte e “o “filho do Homem. O homem do chapéu de coco, colar e laço vermelho de rosto encoberto por uma maçã, não se deixando mostrar a qualquer espetador, exigindo que este imagine o seu rosto. Aqui, um rosto encoberto pela dificuldade de lidar com o seu problema de consciência, fazendo uso da maçã em referência à tentação de Adão no Jardim do Éden e o início da culpa, da responsabilização e de uma consciência de tal e consequentemente a queda da humanidade. 

quinta-feira, 9 de abril de 2020


annaC’uarentena|day 25
9 abril 2020

Uma rodela no universo, à qual fazemos nós parte?
Associando as rodelas como frações de um todo, às frações habitáveis neste modo de vida vertical e bidimensional, onde o estado de isolamento já se fazia notar, tornando-o, até então, num símbolo de status social.  “Privado” era o acesso à cobertura ajardinada de seu prédio por um qualquer elevador, permitindo também de modo exclusivo e ainda privado o acesso a um qualquer piso ou fração flutuante sobre as ruas de uma cidade. Nas aldeias ou vilas, o acesso privado por uma cancela ou portão ao interior de um logradouro particular na esperança de se distanciar dos perigos que, enfim, fomos cultivando.
O estado de isolamento, de facto há muito já existia. Há muito que, neste estado de isolamento, nos fomos transformando em observadores ou voyeurs em vez de comunidade. Senão, e curiosamente veja-se, o modo em como eram vividas as varandas de uma cidade; por um lado, encerrando-a numa “marquise” e, portanto, deixando de existir, por o seu uso ser feito de modo muito discreto sem ser notado pelo vizinho, que por acaso nem o seu género conseguia identificar, ou  por outro  lado tornando-a num “lugar dos fundos” invadido por pequenos monos cujo o utilitarismo se veio demonstrar como pouco essencial não havendo lugar no interior da casa, para tal.
Acredite-se, contudo, no poder que a arquitetura tem em moldar comportamentos, e desta notar-se--ão os vizinhos e as varandas, essas, deverão permitir um relacionamento, mesmo que à distância, em comunidade. Atente-se neste momento vivido, aos concertos espontâneos e arranjos musicais escutados destes camarotes em nossas casas.

Desenho 25-Nas rodelas de um Universo, assinatura por Inês com 3 anos orientada pela Tia Avó.
Da ideia de uma assinatura das frações ou secções de um Todo e a sua analogia com a vida vertical e bidimensional onde o estado de isolamento já existia, tornando-o até um símbolo de “status “ social acabando por nos tornar a todos voyeurs ou observadores em vez de comunidade. Para tal a analogia de uma varanda em modo marquise e, portanto, deixando de o ser, ou no lugar dos fundos da casa como depósito de modos que se vieram demonstrar não essenciais para a vida da casa. Porém, a ideia de uma arquitetura modeladora de territórios e, portanto, de comportamentos. Para validação do momento uma série de registos, manchas e estampas realizadas com pigmentos naturais, das partes seccionadas de uma laranja, desta vontade de entender as partes de um Todo. 


quarta-feira, 8 de abril de 2020


annaC’uarentena|day 24
8 abril 2020

O medo numa casca de laranja!
Da textura à acidez, inconfundível o tom forte de sua cor que deu o nome, cuja casca retirada deixa inundar réstias nas unhas que a cravaram nos aromas sentidos ao longe.
Do medo, O grito, famosa obra de Edward Munch, da primeira metade do século que passou, iniciando-se assim um estilo expressionista. Com esta obra, a abordagem à solidão, melancolia e ansiedade convertida em medo  e em angústia do ser que grita. Porém, não deixa de ser ao mesmo tempo também ele libertador na própria reação que o grito revela no som que se faz ouvir, na apreensão que a expressão do rosto provoca na paragem dos vultos ao fundo.
Também a força que nossos rostos fazem para descascar a sua casca, por entre salpicos de azedo e deslumbres aromáticos associados à figura de seus gomos, acentuam o receio de degustar algo sem a doçura própria de quem se delicia na frescura de um líquido em forma de sumo.
A assinatura segue com registos em forma de estampas e carimbos da textura de uma pele ou casca q a envolve; a laranja protegida, quer no solo ou ainda em sua árvore. E no interior de casca continuará o enigmático entendimento e sustento que a Humanidade irá lembrar.





Desenho 24_ O medo numa casca de laranja, assinatura por Inês com 3 anos orientada pela Tia Avó.

Da ideia de uma assinatura marcada na impressão das texturas irregulares de uma casca de laranja, em analogia à expressão do rosto e da falta de exatidão de seus olhos nas órbitas oculares da obra de Munch, O Grito, apelando ao medo e à angústia de solidão.  Da necessidade de algo que nos proteja, que nos envolva, como uma laranja protegida, quer no solo ou ainda em sua árvore, no interior de casca continuando num enigmático entendimento e sustento que a Humanidade irá lembrar. Hoje, impressões da casca de uma laranja.


terça-feira, 7 de abril de 2020


annaC’uarentena|day 23
7 abril 2020

A queda do figo. O primeiro que caiu da árvore sem sequer ser seu tempo ainda, este ano. Será com certeza um dos muitos que se adivinham pelo porte da figueira!
O mel dos anjos e com este a ideia do satírico romance de Camilo Castelo Branco: A queda de um anjo. No momento de mudança também hoje assistido não só em Portugal, mas em todo o universo, como Calisto aliás introduzia este romance mostrando no novo panorama político numa preocupação do discurso liberal, quando também aí o assunto em si e o mais importante seria a busca de melhorias para a população em oposição às condições autoritárias até então vivida. Mas, a realidade havia conduzido à sua queda numa procura incessante envolta em luxúria e em prazeres momentâneos na esperança de com esta ter encontrado a felicidade.
Tal como o figo e Calisto muitos serão os que mais à frente tentarão com certeza a sua queda!
Na validação da queda deste, as assinaturas seguem com registos em forma de estampas e carimbos do interior deste, realizadas com pigmentos naturais, continuando num entendimento e sustento que a Humanidade irá lembrar.





Desenho 23- A queda do Figo, assinatura por Inês com 3 anos orientada pela Tia Avó.
Da ideia de uma assinatura marcando a era de queda dos soberanos e modestos subalternos dos momentos históricos em desafios relatados ou em vitórias triunfais apregoadas, como a natural queda de um figo na sazonalidade do mesmo. Hoje, fora de tempo caiu, avistado apenas no interior de casa. Da ideia de assinatura necessária para validação este momento vivido, uma série de registos, manchas e estampas realizadas com pigmentos naturais, como forma de entendimento na causa da queda fora de tempo. Hoje, impressões das metades de um figo, desta vontade de entender as partes de um todo. 







segunda-feira, 6 de abril de 2020


annaC’uarentena|day 22
6 abril 2020

Este ano, ao dia 5 de abril (ontem, portanto!) chegou o dia festivo, o Domingo de Ramos, que sem ser feriado encontrou todos dentro de casa. Nas casas as marcas vinham da colocação de ramos de oliveira ou palmeira nas portas, seguindo a simbologia, de tradição judaica, representativa de triunfo da união entre todos, os mesmos que se encontram na luta pela salvação do Universo. São sinais de mestria da fé no início de uma semana que procura a redenção do nosso egoísmo, da nossa falta de amor. Que no início desta semana Santa assumamos o compromisso da humildade e de paz para com todo o Universo. Valorizemos com amor e gratidão a “assinatura” que a natureza nos oferece.
Da ideia de assinatura o início de uma série de registos, manchas e estampas realizadas com elementos vegetais com pigmentos naturais, como forma de entendimento e sustento que a Humanidade irá lembrar.
Hoje, impressões do ramo deste ano pascoal cá da casa da Chã!

 




Desenho 22- Os ramos, assinatura por Inês com 3 anos orientada pela Tia Avó.
Da ideia de expressão, valorização e contacto com o que a Natureza nos oferece. A “assinatura” do amor e gratidão pelo o que nos sustenta a cada dia das nossas vidas. Da ideia de assinatura necessária para validação do momento vivido, surge o início de uma série de registos, manchas e estampas realizadas com elementos vegetais com pigmentos naturais, como forma de entendimento e sustento que a Humanidade irá lembrar. Hoje, impressões do ramo deste ano pascoal cá da casa da Chã!