domingo, 12 de abril de 2020



annaC’uarentena|day 27
11 abril 2020

Duas metades da maçã, como as duas faces de uma moeda, a que se vê (cara) e a que fica por baixo "corona" (coroa)!
Da maçã, a ideia de René Magritte e “o “filho do Homem. O homem do chapéu de coco, colar e laço vermelho de rosto encoberto por uma maçã simetricamente ajustada pela posição das quatro folhas deixando a descoberto uma nesga de um dos seus olhos, abrindo a discussão entre o visível que está oculto e o visível que nos espreita e nos está ver. A discussão acerca deste desejo que o Homem tem em ver tudo o que está escondido, muitas vezes atrás do visível.  Aqui, a frustração do espetador é sobre a impossibilidade de ver o rosto que afinal não pode ser mostrado, pois a maçã encontra-se no plano da frente. O espetador tem de imaginar aquele rosto, e o da mulher em “A grande guerra nas fachadas” com a flor também na frente ou ainda o Homem em “O rosto do invisível”.
À primeira vista muito simples esta composição surrealista, não se tratasse de um autorretrato e com ele a consciência de quem se autoidentifica. Na verdade, poderia ser de qualquer um de nós, representativo de todas as dificuldades inerentes ao “problema de consciência “com que cada um se identifica. O maior desconforto tem a ver, ainda, com o uso da maçã. A maçã está associada às referências deliberadas sobre a tentação de Adão no Jardim do Éden e o início da culpa, da responsabilização e de uma consciência de tal e consequentemente a queda da humanidade.
Não deixando de ser curioso, que a vergonha descoberta num rosto escondido do Homem, o mesmo aparece formalmente vestido, “overdressed” para o cenário em que se apresenta, é porque no final existe sempre algo mais invisível em cada um de nós.


Desenho 27_ Duas metades da maçã, assinatura por Inês com 3 anos orientada pela tia avó. A ideia das duas metades da maçã como as duas faces de uma “corona”, a que se vê (cara) e a que fica por baixo (coroa|corona)! Também, a ideia do visível e do que está escondido, e logo René Magritte e “o “filho do Homem. O homem do chapéu de coco, colar e laço vermelho de rosto encoberto por uma maçã, não se deixando mostrar a qualquer espetador, exigindo que este imagine o seu rosto. Aqui, um rosto encoberto pela dificuldade de lidar com o seu problema de consciência, fazendo uso da maçã em referência à tentação de Adão no Jardim do Éden e o início da culpa, da responsabilização e de uma consciência de tal e consequentemente a queda da humanidade. 

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