annaC’uarentena|day 27
11 abril 2020
Duas metades da maçã, como as
duas faces de uma moeda, a que se vê (cara) e a que fica por baixo "corona" (coroa)!
Da maçã, a ideia de René Magritte
e “o “filho do Homem. O homem do chapéu de coco, colar e laço vermelho
de rosto encoberto por uma maçã simetricamente ajustada pela posição das quatro
folhas deixando a descoberto uma nesga de um dos seus olhos, abrindo a
discussão entre o visível que está oculto e o visível que nos espreita e nos está ver. A discussão acerca deste desejo que o Homem tem em ver tudo o que está
escondido, muitas vezes atrás do visível.
Aqui, a frustração do espetador é sobre a impossibilidade de ver o rosto
que afinal não pode ser mostrado, pois a maçã encontra-se no plano da frente. O espetador tem de imaginar aquele rosto, e o da mulher em “A grande guerra nas
fachadas” com a flor também na frente ou ainda o Homem em “O rosto do
invisível”.
À primeira vista muito simples
esta composição surrealista, não se tratasse de um autorretrato e com ele a
consciência de quem se autoidentifica. Na verdade, poderia ser de qualquer um de
nós, representativo de todas as dificuldades inerentes ao “problema de
consciência “com que cada um se identifica. O maior desconforto tem a ver,
ainda, com o uso da maçã. A maçã está associada às referências deliberadas
sobre a tentação de Adão no Jardim do Éden e o início da culpa, da
responsabilização e de uma consciência de tal e consequentemente a queda da
humanidade.
Não deixando de ser curioso, que
a vergonha descoberta num rosto escondido do Homem, o mesmo aparece formalmente
vestido, “overdressed” para o cenário em que se apresenta, é porque no
final existe sempre algo mais invisível em cada um de nós.
Desenho 27_ Duas metades da
maçã, assinatura por Inês com 3 anos orientada pela tia avó. A ideia das duas
metades da maçã como as duas faces de uma “corona”, a que se vê (cara) e a que
fica por baixo (coroa|corona)! Também, a ideia do visível e do que está
escondido, e logo René Magritte e “o “filho do Homem. O homem do chapéu de
coco, colar e laço vermelho de rosto encoberto por uma maçã, não se deixando
mostrar a qualquer espetador, exigindo que este imagine o seu rosto. Aqui, um
rosto encoberto pela dificuldade de lidar com o seu problema de consciência,
fazendo uso da maçã em referência à tentação de Adão no Jardim do Éden e o
início da culpa, da responsabilização e de uma consciência de tal e
consequentemente a queda da humanidade.
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