quarta-feira, 18 de março de 2020



annaC’uarentena|day 3
18 março 2020

Do presente alternativo, aqui estamos nós refletidos num híbrido entre a ficção e a realidade em completo desconforto em relação ao mundo moderno.
Neste espelho, negro (Black Mirror), refletimo-nos nos contextos até agora quotidianos; escravos do consumo, espetadores comodistas de concertos a qualquer instante disponíveis em modo “ON”, dependentes apáticos de comentários e stylings virtuais preparados para conceitos de reunião sucessivas em débito desenfreado de quem domina o poder, ansiosos pela chegada do ponteiro ditar o momento de encontro com a família no imaginário e ideal sentimento de conforto harmonioso esgotado pela falta de paciência que o ideal do amanhã assola.
A parábola do sentido de estar no mundo, ei-lo, o medo de que nossos olhos se tornarão ecrãs, ora dispensáveis, e visualizados por outros quaisquer. E, no momento de reportar as nossas memórias, criando o nosso próprio enredo sob dúvidas descobertas e visíveis, por cada um dos outros socialmente aceites, dispensando qualquer chavão, ponto final ou travessão.
Da hipótese do bloqueio de comentários, a viabilidade de remover a presença física e ao vivo das pessoas a cada minuto que a pressão e fúria ativam o nosso cérebro. A ausência, essa fica presente e notada num negativo à côr do universo que a silhueta permite recortar num vislumbre de apenas branco aparecer.
A corrida ao real prazer, ao emocionalmente satisfeito e ao felizes para sempre, agora ao alcance de um gadget capaz de fazer a cópia da sua personalidade e comandar cada minuto compatilizando-a com nossos níveis de agrado e desejo em modo “Enter”.
Perfeito ,perfeito,é quando fazemos chegar um “avatar” de alguém familiar falecido que a saudade fez desejar, à distância deste apresentar um histórico facebokiano , claro está não se incluindo a geração Boomer que ainda são do tempo onde apenas se contavam histórias de sucessivas crises, de sobrevivência e alguns feitos que reforçavam o orgulho e esperança perante a arrogância de quem os escutava sem aceder aos portais que a sociedade espelho acaba de abrir.
De notar a demonstração que a geometria fez do efeito espelho e da imagem refletida ela própria o apelo à distanciamento do próprio objeto!


Desenho 3Um menino , a ideia de nosso rosto espelhado ao longo dos nossos dias (Inês, 3 anos)

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